era uma vez um iceberg que gostaria de ser como a água...
ele vivia angustiado porque sabia que, sozinho, provavelmente nunca iria alcançar esse objetivo. dependia, necessariamente, do clima, de outras criaturas, e até de outros icebergs que pudessem colidir com ele.
durante toda a sua existência, milhares de seres vivos passaram por ele, porém muito poucos foram humanos. os que passavam em embarcações somente aproveitavam-no naquele momento. para todos isso era uma grande alegria, mas para ele era ainda mais, pois ele sabia que aquele momento seria, provavelmente, tudo o que poderia ter com aquelas pessoas. depois que a embarcação passava, o iceberg voltava a experimentar o enorme vazio que preenchia a sua existência.
diz-se que ele queria ser como água porque o que mais lhe incomodava era a sua condição estática. ele queria, através as correntes marítimas, viajar pelo mundo e alcançar mares e povos desconhecidos. sonhava com isso noite e dia. quem sabe depois disso, pensou ele certa vez, poderia se transformar em ar, e ir anda mais longe! mas ele pensava que isso já era sonhar alto demais, e não pensava muito nisso de fato.
um dia, passando por ele em uma embarcação de cruzeiro intercontinental, um pesquisador descobriu sobre o sonho daquele iceberg. decidiu, então, fazer algo.
decidiu que o objetivo de sua vida naquele momento, seria ser cúmplice dele.
em uma pequena lancha, partiu em direção ao iceberg. decidira que, apesar de todas as dificuldades implicadas nisso, iria morar nele até que ele derretesse completamente.
para isso, levou muita lenha e fogueira. montou um iglu, e passou a se alimentar de peixe fresco e beber água do próprio iceberg. fixou moradia.
acendeu a fogueira e decidiu que ela nunca mais iria se apagar. olhava por ela dia e noite, para ter certeza de que o fogo estava sendo alimentado direito.
e ficou lá durante meses. para ele não era nenhum sacrifício, visto que esse era o objetivo de sua vida. estava certo disso dese o início.
porém, ele percebeu que pouco estava adiantando. o iceberg derreteu, se muito, o equivalente a alguns baldes de água. o pesquisador começou a ficar frustrado, e fazer mais fogueiras, mas não adiantou muito. ele começou a imaginar o que estava fazendo de errado, porque o seu plano não estava dando certo. mas, quando pensava nisso, se mantinha firme, e acreditava que o tempo é o senhor de todas as respostas. afinal, o que eles dois queriam estava sim acontecendo... lentamente, mas estava. e era isso que importava. estava disposto a esperar o quanto fosse, até que atingisse o seu objetivo.
infelizmente, o iceberg não queria esperar muito, queria resultados imediatos. não teve paciência para esperar, e o que no início era motivo de alegria e excitação, passou a ser mais angústia.
o iceberg de repente começou a ficar mais frio, e, com a chegada do inverno, fez com que as fogueiras se apagassem. foi uma maneira sutil de expulsar o pobre pesquisador de lá. frustrado, ele entendeu o recado e abandonou-o. seus amigos pesquisadores sempre acharam essa idéia maluca, e disseram pra ele desistir e parar de pensar nisso. disseram para ele que tem coisas que não mudam, por mais que se tente e se esforce.
no final da história, temos um iceberg angustiado com a idéia de que talvez nunca consiga alcançar o seu objetivo, e um pesquisador frustrado, sem saber o que ele fez de errado. mal sabe ele que não foi culpa dele; os icebergs são naturalmente solitários, frios, idealizadores demais e difíceis de mudar, por mais que queiram.
e, mal sabe ele - o iceberg - que talvez demore anos até que outro pesquisador apareça com a mesma disposição para ele, ou quem sabe, talvez nunca mais apareça. ele não soube aproveitar a oportunidade que teve, dando tempo ao tempo, e tendo paciência para esperar por resultados concretos. enfim, ficou à própria sorte.
mesmo assim, até hoje o pesquisador torce pelo sucesso daquela que foi um dia a sua moradia, na sua busca pelo preenchimento do seu enorme vazio existencial.
se fosse o pesquisador, o que você faria?
e se fosse o iceberg?
ele vivia angustiado porque sabia que, sozinho, provavelmente nunca iria alcançar esse objetivo. dependia, necessariamente, do clima, de outras criaturas, e até de outros icebergs que pudessem colidir com ele.
durante toda a sua existência, milhares de seres vivos passaram por ele, porém muito poucos foram humanos. os que passavam em embarcações somente aproveitavam-no naquele momento. para todos isso era uma grande alegria, mas para ele era ainda mais, pois ele sabia que aquele momento seria, provavelmente, tudo o que poderia ter com aquelas pessoas. depois que a embarcação passava, o iceberg voltava a experimentar o enorme vazio que preenchia a sua existência.
diz-se que ele queria ser como água porque o que mais lhe incomodava era a sua condição estática. ele queria, através as correntes marítimas, viajar pelo mundo e alcançar mares e povos desconhecidos. sonhava com isso noite e dia. quem sabe depois disso, pensou ele certa vez, poderia se transformar em ar, e ir anda mais longe! mas ele pensava que isso já era sonhar alto demais, e não pensava muito nisso de fato.
um dia, passando por ele em uma embarcação de cruzeiro intercontinental, um pesquisador descobriu sobre o sonho daquele iceberg. decidiu, então, fazer algo.
decidiu que o objetivo de sua vida naquele momento, seria ser cúmplice dele.
em uma pequena lancha, partiu em direção ao iceberg. decidira que, apesar de todas as dificuldades implicadas nisso, iria morar nele até que ele derretesse completamente.
para isso, levou muita lenha e fogueira. montou um iglu, e passou a se alimentar de peixe fresco e beber água do próprio iceberg. fixou moradia.
acendeu a fogueira e decidiu que ela nunca mais iria se apagar. olhava por ela dia e noite, para ter certeza de que o fogo estava sendo alimentado direito.
e ficou lá durante meses. para ele não era nenhum sacrifício, visto que esse era o objetivo de sua vida. estava certo disso dese o início.
porém, ele percebeu que pouco estava adiantando. o iceberg derreteu, se muito, o equivalente a alguns baldes de água. o pesquisador começou a ficar frustrado, e fazer mais fogueiras, mas não adiantou muito. ele começou a imaginar o que estava fazendo de errado, porque o seu plano não estava dando certo. mas, quando pensava nisso, se mantinha firme, e acreditava que o tempo é o senhor de todas as respostas. afinal, o que eles dois queriam estava sim acontecendo... lentamente, mas estava. e era isso que importava. estava disposto a esperar o quanto fosse, até que atingisse o seu objetivo.
infelizmente, o iceberg não queria esperar muito, queria resultados imediatos. não teve paciência para esperar, e o que no início era motivo de alegria e excitação, passou a ser mais angústia.
o iceberg de repente começou a ficar mais frio, e, com a chegada do inverno, fez com que as fogueiras se apagassem. foi uma maneira sutil de expulsar o pobre pesquisador de lá. frustrado, ele entendeu o recado e abandonou-o. seus amigos pesquisadores sempre acharam essa idéia maluca, e disseram pra ele desistir e parar de pensar nisso. disseram para ele que tem coisas que não mudam, por mais que se tente e se esforce.
no final da história, temos um iceberg angustiado com a idéia de que talvez nunca consiga alcançar o seu objetivo, e um pesquisador frustrado, sem saber o que ele fez de errado. mal sabe ele que não foi culpa dele; os icebergs são naturalmente solitários, frios, idealizadores demais e difíceis de mudar, por mais que queiram.
e, mal sabe ele - o iceberg - que talvez demore anos até que outro pesquisador apareça com a mesma disposição para ele, ou quem sabe, talvez nunca mais apareça. ele não soube aproveitar a oportunidade que teve, dando tempo ao tempo, e tendo paciência para esperar por resultados concretos. enfim, ficou à própria sorte.
mesmo assim, até hoje o pesquisador torce pelo sucesso daquela que foi um dia a sua moradia, na sua busca pelo preenchimento do seu enorme vazio existencial.
se fosse o pesquisador, o que você faria?
e se fosse o iceberg?
roubado de: ...strangedeja-vu
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